O serviçal estranha a forma como a Senhora se porta e a responde:
- Perdoe-me se meus joelhos a ofendem, mas não posso agir de outra maneira...
É possível sentir um ar de angústia e de repressão emanando das palavras do serviçal. Ele levanta-se e a guia por entre os salões do casario, levando-a para um salão um pouco melhor iluminado por velas. Vê-se que não há luxo em excesso, mas que trata-se de uma residência de um nobre romano.
- Então minha Senhora, irei comunicar sua presença ao senhor Barberot.
Passam-se alguns minutos, mas sem muitas demoras, entra pelo salão uma figura com seus longos cabelos brancos, trajado de uma longa capa de veludo vermelha que o segue até os pés e impecavelmente abotoada.
O inusitado olha carmem de relance e da um suspiro cansado, caminha pelo salão sem falar absolutamente nada, até chegar do outro lado do salão, de onde tira uma jarra da estante e pega com seus dedos duas taças. Logo em seguida senta-se numa poltrona colocando um pouco do avermelhado liquido nas duas taças sobre a mesa central, com um gesto indica uma cadeira para que Carmem junte-se a ele na mesa e por fim diz:
- É impressionante minha cara como os astros não mentem! A décadas não recebo uma visita, mas a três noites eu li nas estrelas que a uma vigorosa ressaca atormentaria esse cais, agora, não sei dizer se veio, como todas as ressacas, para movimentar as marés e então deixar com que o mar volte a sua mansidão ou se veio para atormentar de vez esse cansado porto.
Barberot empurra a taça cordialmente em sua direção e de súbito diz:
- Oh! Pardon! Sou Barberot Di Luviè, o Regente de Napoles, boa noite!
Suas confusas palavras em nada destoam de sua bagunçada aparência.